Le soi-disant

Ma photo
Nom :
Lieu : SG, RJ, Brazil

vendredi, septembre 29, 2006

Quebra-Cabeças


Flor anda pelo labirinto chamado cidade. O tempo está chuvoso, seus olhos assim como o tempo chovem, lavam a alma. Agora Flor cruza a linha do trem; Onde estarão todos? As cores se foram com as andorinhas procurar o verão? Não se sabe.
Agora a pobre menina entra num lugar, vejamos: vazio, com persianas beges e porta branquinha com um sininho que é tocado euforicamente assim como o coração da pobre Flor. Mas por quê? Flor tira sua capa de chuva, o cachecol e senta-se de frente para a rua, na janela há violetas roxas, a chuva cai fria e com olhares ácidos a menina espera por atendimento. Perda de tempo, não há ninguém. Ela mesma tenta se servir. Tudo em vão! De pronto alguém entra sorrateiramente, cruza o acaso. Este alguém veste marrons, luvas cor de maçã-verde e sapatos cor-de-telha. Aproxima-se de Flor. Essa já aflita, agora teme, pega seu espelhinho, mira-se, saca um lápis de olho preto e a curvilínea em seus olhos. O perfume de canela é inebriante ao mesmo tempo em que sufocante. Não por projetar mal-estar à Flor, mas sim a sua respiração e, discretamente a mocinha retira seus pequenos alívios fugazes de uma bombinha.
O moço mais se faz presente. Abre a porta do café, o sino toca suavemente. Deixa junto aos de Lóri seu casaco e luvas enquanto Lóri freneticamente saliva seu café e lê um jornalzinho não datado, sujo: sua válvula de escape. O homem chega.
_Então Lóri, como vai a caminhada?
_Nada que lhe interesse! Joga o jornal para o lado e concentra-se na xícara de café.
O rapaz tira de sua sacola uma pasta e a joga sobre a mesa, pega um maço de cigarros, fóforos e diz:
_Decidi recompor meus versos. Hoje é dia de seguir novos rumos...
Acende o cigarro e oferece a Flor:
_Quebra-Cabeças?! Parece que você não mudou nada Ulisses. Um ser humano tonto e infeliz. Não me disse que iria parar de vez com os cigarros? Mas isso é de sua conta...
Nervosa, Flor deixa o café de lado. Não pára de gesticular. Suas mãos trêmulas e pequeninas são seguradas abruptamente pelas de Ulisses e fulminantemente pelos seus olhos.
_ Pois bem Lóri é de sua conta. Toma! Joga as folhas. Você tinha razão. Eu sou um erro. Quebra-cabeças foi um erro, eu só queria tirar nossos sapatos, correr dentre os rios, dançar entre as estrelas e pousar mil e uma noites em seus braços. E o que eu fiz? Olha pra mim! Levante-se!
Flor mantem-se sentada e fria. Congelada em seu ser. Os olhos inertes apreciam o doce rapaz, o moço que agora se mostra novamente homem.
_Olha pra você Lóri. Olha em que lhe transformei! Um devaneio foi quando eu deixei a porta aberta para a felicidade...
O homem aflito leva os olhos á janela e olha a chuva, as gotas debruçadas nas violetas e o ninguém que habita as ruas. Lóri o abraça pelas costas, um forte abraço e diz:
_Brincando de olhares é quando a vida se faz! - Suspira e deixa cair uma lágrima.
_Nós somos químicas em diferentes tubos de ensaio meu caro Ulisses. Entre arranha-céus ou numa simples flor!
O rapaz pega a alva mão de Flor, a acaricia e põe-na em seu rosto acariciando-o. Sua mão é fria, não confiante de si. Sussurra para Flor. Esta com a cabeça em seu ombro.
_Mas existe algo enlaçado, amarrado entre mim, você e eu não entendo. Não consigo ver! São mais que duas mãos atadas... porque eu não compreendo? Eu só sinto cada dia mais forte. União, amor, temperança; tudo com gosto de mistério.
Flor o solta, vai em direção a porta e lava consigo a pasta. Veste sua roupa de chuva e diz:
_É sim Ulisses. Nosso coração. - olha a pasta - Acho que isso é meu. Não tente roubar de mim novamente! - Abaixa a cabeça e sai.
Num instante só se ouve o sino equalizar todo o lugar. Após minutos só se vê a chuva dançando sobre a vidraça, o sol apagando-se, os olhos turvos e amenos afogados. Um homem sentado na cadeira apagando seu último cigarro.
_Adeus Lóri, minha flor...

Ao seu redor as pessoas riem, ouvem música agradável, primaveril que se contrasta com aquele brusco inverno. Parece uma melodia dos anos 80. O balcão do café está lotado de pedidos. O trânsito engarrafado urra e pede espaço. As velhinhas caudolosamente cruzam as nesgas entre os carros. As violetas ao lado das azaléias, orquídeas não são mais as violetas. São só flores. As persianas e porta sujas e embaçadas por completo. O cheiro de café ocupa o lugar. Mas não para o menino que em vão pede serviço e não é atendido... O lugar está habitado pelo vazio. Só o frio do inverno.

lundi, septembre 18, 2006


...Bem, hoje faz cinco meses e meu peito se rasga mais uma vez. Os meus olhos já estão rasgados e estáticos olham sua lembrança que você deixara sobre meu criado-mudo embrulhado em forma de porta-retrato. O sol amargo e morno entra pelas portas e janelas, mas minha alma vaga ainda como se fosse noite... O vento remexe as roseiras, as mesmas que você plantou em meu nome, não são mais rosas vermelhas, rubras como nosso amor “copidesco” e sim rosas chás, alucinógenas e a tarde me fazem esquecer o amor vermelho bandido que foi nosso...
...Acho que são elas. Malditas vozes! Malditas sejam todas! Estão em todos os lugares. Me deixem, por favor. Eu imploro... Ao menos essa noite eu preciso, preciso de você. Me acuda... mas você não vem...
...Você lembra do dia em que me pediu em casamento? Era Maio, dia frio e eu vestia um vestidinho de crochê. Sua mãe que o fizera! Você lembra? Ela me entregou antes de sairmos para comemorar em família a data especial. Nosso casamento. E ela me dizia com sorriso aparente: “Que mulher tão encantadora. Meu filho conheceu a felicidade!” Bem eu lhe pergunto o que é a felicidade? Vai, quem é ela?? Diga-me! Porque quero conhecer a senhora que lhe aprisiona. Mas fique tranqüilo, logo vou roubá-lo dela e será meu de novo... Não tive coragem ainda de cortar a roseira. Por que nunca chega a primavera? Por que o frio ainda me assombra? Onde estão os pássaros? Por que recebo visitas e não a sua?...
...A cama vendi. Comprei uma cama de viúva, mesmo sabendo que você está vivo por aí. Então devo considerar que eu estou morta e vago como zumbi a sua procura, a procura de seu caminho, a procura do que fomos e daquilo que me jurou com suaves palavras embora essas nunca tinham sido minhas... Essas juras esperam por você, mudas em baixo do meu travesseiro. Quero que meu corpo não esqueça seu cheiro e recorde de suas palavras, palavras que fazem sentido. Porque emoção não tem sentido, porém é descrita em letras... Será que você ainda usa colônia? Porque seu vidro está em cima do antigo toucador. Aliás, está tudo arrumado a sua espera. Você tornou-se uma personagem em minha vida, meu corpo é seu tablado onde você nem sequer pisa ou ainda voltará a pisar. Quem está aí? Quem é você? É você meu amor? Estou, estou tão só... Pois bem, já passam das oito e as velas ainda não se apagaram. Estão na janela, protegidas do vento. Claro. É meu chamado, anseio, pedido mudo. Onde está você e seu barco de prosas e modas? Volte ao farol, traga-me minha luz que você levou consigo. Sabe que eu odeio ficar à luz de velas... Meu corpo está imóvel sobre a cama. Tenho frio. Estou nua. Nua de alma, nua de fé, nua de amor, nua de você. Só me visita a Lua e eu vestida de céu passo mais uma noite crua e inerte...
...Acho que não agüento mais minha mente e pensamentos. Eles parecem tão reais, parecem vozes. Vozes tão próprias que já não são minhas...
...Meu Eu, assim como a alma que o possui, a casa e a vida não são mais minhas. Acho que nunca foram... foi tudo coisa sua que eu como carente de alguém me apropriei ilegalmente. Coisa clandestina mesmo. Me perdoe...
“Doutora Karla de Assis Paciente 34 precisa de medicação. Doutora Karla”.
_ Verificou se ela está bem amarrada? Não podemos correr outro risco!
_ Sim. Mais uma noite e ela não se cala!
_ Entretanto você há de concordar que essa mulher sofre tanto. Esse cara existe mesmo ou serão só alucinações como os dos outros?
_ Você ainda acha? Essa aí é igual aos outros!Inventa passado, presente, amores, filho, grita e ainda bate na gente.
_ Não sei Adriano... pensamentos obsessivos, que como se fossem bichos, comem o cérebro. O quê você acha Dra. Cláudia?
_ Tudo muito confuso, muito intenso. Todo distúrbio é denso.
_ Sim, consumida pelas emoções...
_ Corta essa Adriano! Temos de ir. A clínica não pára! Ainda tem muito maluco pra ser cuidado. Vamos doutora?!
_ Ok, Fernando.
_ Vamos então! Boa noite que a senhora encontre seu amado.

...É você meu amor... não me deixe mais uma noite a sós. As velas estão acesas... porque você não vem? Tenho frio...

“Dr. Marcelo comparecer ao alojamento20-A. Dra.Karla precisa de seu auxílio com o 34. Repito Dr. Marcelo”.


dimanche, septembre 10, 2006

Recortes culturais em um mesmo porta-retratos.



"Uma imagem vale mais que mil palavras" Sei que isso é cliché e não sei quem disse. Mas quem criou esse dito, o fez com muita sapiência.

mercredi, septembre 06, 2006

O porque de ser WIL


A dor me toma mais uma vez essa noite. E é ela, acima de tudo que me faz escrever. Cada linha, cada sílaba é produto de uma cadeia torturosa de alfinetadas e cicatrizes em minha alma.
E assim como joanetes e marcas deixadas em corpos de outrem, as minhas marcas doem quando o tempo está frio, sombrio, cinza e apático. Desde o nascer até o fenecer dessa estática bola de fogo que me vigia e tortura com sua arma de raios ultra-violetas.
Acho que sou sensível ao frio porque sou sensível a mim mesmo. Tenho medo de ser eu, ser cinza e sombrio. Eu sou frio. Pelo menos é o que me tornei: WIL. Assim como do eucalípto, árvore considerada como ser portador de cura e bem-estar vão caindo folhas amareladas e secas, eu também faleço. Já fui WILLIAM na vida.
Se pudesse definir WIL, seria como ser finito que peregrina em sombras e em um inverno pesado. Já o WILLIAM é ser harmonioso, homeotérmico e está por aí correndo em uma terra-do-nunca, em terras onde o sol nunca parte, onde não é frio, onde os sonhos são produzidos.

Todo por la Sangre

La sangre caliente
La sangre roja
La sangre poca
Todo por la Sangre

La sangre amarga
La sangre pulsa:¡mira en mi vena!
La sangre, vean todos
La sangre y la nada

La sangre vieja
La sangre cuajada
La sangre y el cuerpo
La sangre inumdada

Es azul para los nobles
La sangre en las calles
El alma y la sangre
La sangre y la nada

La sangre ya está rota
de ésa no se ve nada
La sangre la mía y la tuya
La sangre y la nada

En botellas ya se vende
En abundancia ya se talla
Pintada en la carne
La sangre y la nada

Enrojada está la palabra
De esta joya nada se quedó
Pecadora fuente de vida
La sangre y la nada

Ni amor, ni terror
asco o navaja
sobre el cuerpo,tú y yo
La sangre y la nada

lundi, septembre 04, 2006

Homem e Pássaro



Era somente um pássaro? Bem, era o que diziam!
Era um pássaro de asas largas, bem pigmentadas.
Mas quão belas eram estas!
O pássaro, que para mim nunca fôra objeto de vitrine,
lançou-se aos céus.
E em meio de Sols, Luas e Estrelas partiu.
Vivia cada momento,
cada vento em suas plumas,
vivia o gosto inconfundível do desconhecido.
Tinha mirada de homem forte e determinado!
Seu bico era forte assim como canela e café,
calor de verão, como beijo roubado...
ERA SER VIVO QUE BUSCAVA A LIBERDADE.
Ele em si era a própria vida de asas.
Formoso, alcançava espaços e lugares que gente humana nunca sonharia.
Inteligente assoviava as mais belas cirandas.
Ele era só.
Sim era...
Mas era o tudo em meio de um nada, por isso um vencedor,
um vencedor alado.
Ele era um pássaro.

(dedicado ao Sir. Alexandre Otávio Pacca, com muito carinho e apreço
)

Intimidade minha



Esse Blog é meu! Meu início de um tudo em meio ao nada. Meu canto especial, minhas paredes permeáveis, meu coração de massa e urbano, vocábulos idiossincráticos de mente e coração flutuante.É parte de uma alma, parte do meu ser, minha voz, minha sanidade escura, meu silêncio ensurdecedor, minha saída à francesa, minha cara de selvagem, meu peito chiando forte, prazer piscante em olhos dissimulados, carne crua sobre os lençóis, amor e memórias engavetados pelo descaso do acaso.